A Velhice e a juventude e os auto-retratos
de Rembrandt, um trecho de um e-mail de Antônio Augusto Mariante e um adendo escrito
por José Maria Dias da Cruz
Estou hoje lúcido como se estivesse para morrer
Àlvaro de Campos (Fernando Pessoa)
“Pelo amor de
Deus, não se preocupe também com o envelhecimento - é o preço de uma vida em
sua extensão em franco alongamento. Sei que há percalços de natureza física,
mas isso faz parte do próprio movimento da mera natureza das coisas. Vejo a
velhice como o ponto de culminância de um sujeito, onde mente e espírito
atingem o ápice daquela individualidade - entretanto, tal situação só se dá com
criaturas de escol, e pouco importa que sejam até analfabetas, pois o relevante
não é a cultura adquirida, mas a sabedoria alcançada. Adoro uma negra velha bem
sábia, dessas que calejaram suas mãos num tanque e numa cozinha, e se afirmam
quase puras quando a morte as abraça.
Entretanto, não é bem esse o caso da maioria dos velhos que tenho encontrado pelo caminho de minha sensibilidade: eles se impõem pelo retrocesso e pela infantilidade, negando a morte como um bom avestruz ou um tola criança inglesa que se recusa a emprestar seu teddy bear.
Adoro John Huston que dirigiu The Death (baseado num conto de Joyce) numa cadeira de rodas e com uma sonda pavorosa entrando por uma das suas narinas. O filme é chato, mas a iniciativa dele é sublime.
Entretanto, não é bem esse o caso da maioria dos velhos que tenho encontrado pelo caminho de minha sensibilidade: eles se impõem pelo retrocesso e pela infantilidade, negando a morte como um bom avestruz ou um tola criança inglesa que se recusa a emprestar seu teddy bear.
Adoro John Huston que dirigiu The Death (baseado num conto de Joyce) numa cadeira de rodas e com uma sonda pavorosa entrando por uma das suas narinas. O filme é chato, mas a iniciativa dele é sublime.
Portanto, não se aflija e toque o cavalo no touro! Pinte até o fim! E o resto que se dane!”
Antônio
Augusto Mariante
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