quarta-feira, 25 de abril de 2012



 
 A Velhice e a juventude e os auto-retratos de Rembrandt, um trecho de um e-mail de Antônio Augusto Mariante e um adendo escrito por José Maria Dias da Cruz


Estou hoje lúcido como se estivesse para morrer
Àlvaro de Campos (Fernando Pessoa)


 
“Pelo amor de Deus, não se preocupe também com o envelhecimento - é o preço de uma vida em sua extensão em franco alongamento. Sei que há percalços de natureza física, mas isso faz parte do próprio movimento da mera natureza das coisas. Vejo a velhice como o ponto de culminância de um sujeito, onde mente e espírito atingem o ápice daquela individualidade - entretanto, tal situação só se dá com criaturas de escol, e pouco importa que sejam até analfabetas, pois o relevante não é a cultura adquirida, mas a sabedoria alcançada. Adoro uma negra velha bem sábia, dessas que calejaram suas mãos num tanque e numa cozinha, e se afirmam quase puras quando a morte as abraça.

Entretanto, não é bem esse o caso da maioria dos velhos que tenho encontrado pelo caminho de minha sensibilidade: eles se impõem pelo retrocesso e pela infantilidade, negando a morte como um bom avestruz ou um tola criança inglesa que se recusa a emprestar seu teddy bear.

Adoro John Huston que dirigiu The Death (baseado num conto de Joyce) numa cadeira de rodas e com uma sonda pavorosa entrando por uma das suas narinas. O filme é chato, mas a iniciativa dele é sublime.

Portanto, não se aflija e toque o cavalo no touro! Pinte até o fim! E o resto que se dane!”

Antônio Augusto Mariante



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