quarta-feira, 4 de abril de 2012

Frases do livro A Mudança, segundo volume de O espelho partido de Marques Rebelo

Colégio, colégio, colégio... Tinha um renque de palmeiras na entrada, ficava lá no fundo, acachapado. triste, os portais de granito, as janelas com grades como uma prisão. As horas são mais monótonas, os livros mais grossos, a farda de brim, nova, calça comprida, incômoda como couraça, e, na gola, o distintivo espeta, escudo bicolor, presunçoso e ridículo, minturando o Cruzeiro do Sul com um aforismo grego em latim.

É preciso ser muto forte para ser sincero.

Não é possível revestir uma águia com as penas delicadas de um colibri. De que misturadas cores ornitológicas me revisto?

E assalta-me um escrúpulo: se não sei nem qual o traço da minha argamassa, com que direito intervenho na alvenaria dos amigos?

- Você tem muitas amigas no colégio, Madalena?
- Só tenho uma, papai, e esta eu detesto.

Nunca é possível cortar uma certa rispidez de gestos e respostas, que me põe em estilhaços o pobre coração de vidro sem o hábito da cautela.

A crítica não elimina categoricamente a autocrítica.

Desalento... Ninguem pode amar ou odiar conforme seus desejos.

Diga sempre a verdade. É ainda a mais segura mentira que se pode pregar.

Há um tempo de amar e um tempo de amar o que se amou.

Precisava, como  preciso delas agora - "o coração com sede de palavras". Mas em que boca irei encontrá-las?

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